Não, nós não somos contra a copa

Para quem ainda não entendeu: os protestos não são contra a copa. As vaias nos estádios não são contra a copa, são nosso aviso de que estamos fartos. Os protestos são a corrupção e incompetência de nossos representantes.

(Aviso aos sensíveis: parem de olhar para seu umbigo, o Brasil é mais que seus deuses de pés de barro. O Brasil é de todos. É primeira lição a aprender.)

Os protestos de todos, inclusive dos famigerados Blocos Negros, são parte da revolta contra a sociedade que construímos e não conseguimos transformar em algo melhor.

E sim, vamos torcer pelo Brasil, porque uma coisa não tem a ver com a outra.

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A copa realmente foi uma EXCELENTE oportunidade para podermos ACELERAR algumas coisas. Mas o que se viu foram NOVAMENTE a genuína MALANDRAGEM brasileira, que só atrasa nosso desenvolvimento.

“Nunca antes neste país” e nem agora, não conseguimos aprender nada conosco e com os outros, imigrantes, turistas e o resto do mundo. Sabemos como anda a economia dos EUA e debochamos de seus hábitos; conhecemos o melhor da Europa, mas não aproveitamos nada, preferimos dizer que nos colonizaram e nos tiraram toda a nossa riqueza; reconhecemos os problemas da África, mas não fazemos nada para corrigir os nossos, que no fim, são os mesmos. Tudo está fora, nada é culpa nossa.

Pois parem de olhar para fora, os problemas são nossos, não dos outros. Parem de justificar seus erros pelos erros dos outros. Como disse Nuno Ramos, “Suspeito que muitas vezes as piadas que fazemos com os portugueses se apliquem a nós”. Ah, mas eles “nos colonizaram e tiraram todas as nossas riquezas, por isso são assim”. E seguimos nosso marasmo.

Mas nem tudo é tristeza. Somos fraternos, parece. É um primeiro passo. Campanhas de fraternidade conseguem arrecadar milhões em dinheiro e mantimentos. Daí nada disso é suficiente. Tudo é perdido, corrompido, estragado. Sempre há alguém para se aproveitar da riqueza que é gerada para embolsar, desviar, pensar em si. Cadê a tal fraternidade então? Onde está a “alegria brasileira” de ajudar o próximo e construir uma sociedade melhor PARA TODOS?

Somos organizados, parece. Temos milhares de Organizações Não-Governamentais que procuram preencher as lacunas do Estado. Mas daí temos ONGs organizadas só para aproveitar a ingenuidade de todos para, de novo, embolsar, desviar, pensar em si. Este tipo de organização não me serve.

Nos últimos anos, desde a estabilização da moeda no plano Real, tivemos bastante tempo para nos organizar. Já se passaram 20 anos! A riqueza aumentou e começamos a distribuí-la melhor. Precisaremos de quantos anos mais para sermos CIVILIZADOS?

Somos responsáveis por nós mesmos. Está mais que na hora de refletir o que estamos fazendo, inclusive no nosso dia-a-dia, para melhorar o país. Transformá-lo em uma potência de verdade.

Já temos 500 anos de história. Quase 192 anos de independência, 125 anos de república.

Isso é tempo suficiente para tomar vergonha na cara.