Não é de hoje que penso que uma “bagaceirada” vem tomando conta de Porto Alegre. Pobres de espírito, pobres de caráter, que ameaçam nossas vidas, nos trazendo insegurança e desconforto. E o pior é que sinto que estamos nos acostumando em ser chutados e pisados por essa corja.
Hoje recebi um e-mail de uma amiga com mais uma história lamentável. Com esta, já são 3 nos últimos dias.
Reproduzo sua indignação e minha resposta abaixo.
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Queridos amigos,
fui roubada na tarde da sexta-feira passada. No centro de Porto Alegre, dentro de uma loja, na rua dos Andradas. Tento me confortar com o pensamento de que não foi um assalto, de que não sofri nenhum prejuízo físico. Ao mesmo tempo, me indigna esse tipo de conformação.
A que ponto chegamos? Tem sempre que acontecer o pior para que alguma providência seja tomada? Não podemos ser condescendentes com esse pensamento, com essa situação. O verme que levou minha bolsa, levou também o meu direito de ir e vir. Minha vontade de ir ao centro da cidade. Levou minha ida à Bienal do Mercosul, à Exposição No Ar – 50 anos da RBS… E me deixou medo, sensação de impotência, vontade de ir embora desse país, nojo da burocracia que nos faz vice-campeões mundias nesse quesito. Levei duas horas para registrar as devidas ocorrências. Sem dinheiro, sem documentos, quase sem pernas, sem esperança, e chorando. A delegacia mais próxima ficava a muitas quadras de onde eu estava.
Esses pequenos atos de violência acontecem o tempo todo. Mas parece que nos acostumamos. É o que falei no início, se não há uma tragédia “que bom!”, este é o consolo.
Enquanto isso a farra continua em Brasília. Enquanto isso tô aqui em casa com medo de sair, cansada demais pra ir até o supermercado aqui do lado. Chorando de vez em quando não sei exatamente por quê: se de raiva, de medo, de tristeza, de susto…
Que a falta de oportunidade não sirva de desculpa pra ninguém. Porque há pessoas igualmente simples, humildes que se negaram a seguir esse caminho “mais fácil”.
Não sou apegada a bens materiais, mas existe diferença quando o meu celular cai no chão e se espatifa. Digo: é um bem material, de consumo. Mas se levam de mim, me pergunto: com que direito???
Penso que a saúde é o maior de todos os bens. Mas peço que a utilizem para gritar, ou apenas falar em voz alta, que estamos fartos disso tudo. Que queremos sim, todos os brasileiros de bem, o direito mais básico de um cidadão: liberdade.
Grande abraço a todos.
Zayra
Oi, Zayra!
Primeiramente, lamento muito o ocorrido. 🙁
Concordo e apóio todas as tuas palavras. Apesar de não me sentir inseguro (talvez por minha índole destemida) também me sinto impotente por não poder fazer nada diante das agressões que passamos todo o dia. E sei que isso não é uma exceção: todos os dias vemos a marginalidade passar incólume diante de nossos olhos, com a conivência de nossas autoridades. É lamentável, mas devo dizer que isso é reflexo de nossa própria sociedade, que caminha para a podridão de caráter. Digo isso porque hoje, um político vende sua honestidade como destaque, como se isso não fosse a obrigação de cada um de nós.
De minha parte, só me resta lutar com minhas palavras e atitudes contra isso. Conversando com meus amigos e educando meus filhos que virão. Neles, deposito minha esperança de dias melhores.
Um abraço
Marco Andrei
Eu concordo com essa tua teoria da bagaceirada. Mas eu nunca fui assaltada no Centro e acho ótimo morar aqui. E tem uma delegacia da polícia civil na Riachuelo, não sei onde tua amiga estava, mas não é tão longe.
Eu ainda vou escrever um tratado sobre a Teoria da Bagaceirada. E sinto que eles se reproduzem mais rápido que a gente imagina. 🙁