Sobre privilégio e tempo para fazer exercício

Hoje levei um tapa de realidade às 6:30 da manhã.

Trajada de “corredora”, entrei no laboratório pra coletar uns exames de sangue. A moça que me atendeu – super simpática, aliás – notou os trajes e disse:

— Tu vai fazer exercício depois? Espera uns minutos e come uma coisinha pra não passar mal.

Eis que começamos a conversar e ela me contou que o marido gostava de correr, e volta e meia pedia a companhia dela de bicicleta, mas que ela era sedentária e não ia.

Eu, imersa na minha bolha, digo:

— Mulher, tu trabalha com saúde, sabe que não pode ser sedentária!

E ela responde bem humorada:

— É que eu acordo todo dia as 4:30 da manhã e trabalho em dois empregos, o pouco tempo que me sobra não tenho vontade de fazer exercício … me dá um desconto — rsrsrs.

Eu só pude responder que ela tava mais que desculpada.

Saí de lá pensando que o dia realmente não tem as mesmas 24 horas pra todo mundo. Ter um trabalho que se faz ligando o computador com uma xícara de café do lado é sim um baita privilégio.

Dá tempo de fazer exercício.

E dá tempo até de escrever um post no Linkedin.

Engraçado como o Linkedin virou o lugar onde tem mais gente reclamando do trabalho, mesmo sendo, talvez, o grupo mais privilegiado pra fazê-lo.

Achei que ia fazer exame. Acabei fazendo autocrítica.

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