– Pois não?
– Aqui é o Fascismo?
– Sim, já começou. No que posso ajudar?
– Eu vim me alistar. Resolvi aderir.
– Sábia decisão. Está na moda, sabia? Agora todo mundo quer ser fascista. Eu tenho aqui a ficha, pronto. Agora é só a entrevista.
– Tem entrevista?
– Claro. Fascismo é coisa séria.
– Quando eu faço?
– Agora É aqui comigo. Vamos lá: Eu odeio gays. O que acha?
– Acho do quê?
– Da frase.
– De mau gosto. Odiar gays…
– Eu sei, mas são as regras.
– Sei lá, eu não odeio gays.
– Assim fica difícil.
– Tem que odiar gay?
– Claro. Já viu fascista que não odeia gays? E negros.
– Mas eu sou negro. E gay.
– O que impede?
– Ok, ok… Eu odeio negros e gays.
– E mulheres.
– Tem que odiar mulher também?
– Fascismo é fascismo.
– Tá. Odeio gays, negros e mulheres.
– A arma…
– Arma?
– Fascista que é fascista adora uma arma.
– Ok, odeio negros mulheres e gays e amo armas. Satisfeito?
– Agora sim. E a Terra?
– O que tem?
– É plana. O que acha?
– Mas a Terra é redonda.
– Aqui no Fascismo a gente acredita que é plana.
– A Terra é plana?
– Isso.
– Mas aquilo do barco sumindo no mar…
– Oficialmente, é efeito especial. A Globo, o Hans Donner… Querem enganar o povo.
– Como pode?
– Ninguém sabe direito de onde veio a ideia, algum maluco, provavelmente, mas pegou. Agora é isso: a Terra é plana. E o Pink Floyd é de direita.
– Mas, porra, o Pink Floyd?
– Pois é. Ainda deu confusão porque veio esse bosta do Roger Waters aqui e falou mal do Mito. A sorte é que espalhei um boato no Whazap que o Lula fugiu da cadeia e fez um show disfarçado de Roger Waters e o pessoal captou.
– Eles acreditaram nisso?
– Claro. Como não? Foi no Whazap. Eles acreditam em qualquer coisa que as pessoas postam no Whazap.