Tudo muda, cantava a Mercedes Sosa lá nos anos 80. “Muda o superficial, muda também o profundo. Muda o modo de pensar, muda tudo neste mundo”. Hoje retomei atividades físicas depois de alguns meses parado em função de uma fratura. Nova etapa, nova fase, conhecendo as minhas limitações.
Essa semana me mandaram um vídeo simples do ator Anthony Hopkins respondendo uma pergunta, pediram a ele um conselho aos 79 anos. A resposta foi curta e direta, “vá em frente”. Guarde uma foto de quando era criança na carteira e as vezes dê uma olhada e pense em tudo que já viveu até aqui. Me identifiquei muito pois sempre estou olhando para trás, não em um saudosismo melancólico, mas pra seguir em frente, fazendo e dando valor ao que me trouxe até aqui.
Estamos sempre rodeados de promessas impossíveis, buscando gols num placar injusto de metas inatingíveis. Passa a pressão da virada do ano e logo chega março quando devemos acelerar. Depois vem julho e não vou tirar férias de mim mesmo, nessa obrigatoriedade de felicidade amarrada aos planos. O tempo tem sido minha fonte e meu vínculo com meus próprios pensamentos. Tudo muda o tempo todo e muito depende de nós.
Meu professor recomendou menos café, menos álcool, mais sol. Saí de lá pensando nas mudanças possíveis, sem excessos radicais pra me tornar outra pessoa, mas buscando pequenos ajustes nessa máquina corpo que nos acompanha. Já não subo em escadas enormes como eu subia e troquei a corrida pela caminhada. Ando observando cada degrau e descobri a existência do corrimão real e metafórico.
E como é bom, mesmo ao pé da escada, ter uma visão mais panorâmica que em outros tempos.