Sustentabilidade e sucessão rural


Produção agrícola sustentável é a forma de produzir alimentos capaz de garantir a sobrevivência dessa e das futuras gerações. Deve assegurar renda adequada para a geração atual e permitir que ela seja continuada pelos descendentes. Assim, sustentabilidade implica pensar na sucessão. E, para haver interessados na manutenção de um legado, é preciso que o negócio seja atrativo. Uma renda atrativa só pode ser reprodutível se o modo de produzir mantiver o estoque de recursos naturais e seus processos físicos, químicos e biológicos de funcionamento (esse o verdadeiro capital a transmitir).

É fundamental que as famílias rurais direcionem o uso de tecnologias para aquelas que conservem e melhorem esse capital, mas sem menosprezar a renda. Isso é possível com as inovações de processos e de insumos disponíveis.

É necessário que o uso das tecnologias de processos (escolha do sistema de produção, da variedade e época de plantio, da espécie animal, carga animal etc.) anteceda o uso de insumos (fertilizantes, praguicidas etc.). Isso significa que é preciso conhecer os limites ecológicos do capital natural. Seu uso acima de um determinado teto compromete a capacidade desses recursos em seguir provendo os bens e serviços que garantam a reprodutibilidade da renda.

Propriedades rurais que se perpetuam no tempo são aquelas que, além de gerar lucro, consigam manter os serviços ecossistêmicos, como sequestrar carbono atmosférico e contribuir para mitigar a mudança climática, conservar e melhorar os solos, filtrar e armazenar as águas. Também implica planejar o uso da terra de modo a manter parte da vegetação natural para conservar a flora e fauna associadas – polinizadores e inimigos naturais das pragas e moléstias das monoculturas.

Contar com a renda atual (ainda que adequada – e nem sempre o é) pode não ser suficiente para atrair o jovem ao campo. É preciso infraestrutura de estradas, telecomunicações, assistência médica, escolas de qualidade para os filhos etc. É também necessário que esse produtor seja remunerado pelos demais serviços ecossistêmicos que presta além da produção de alimentos. Isso tudo depende de políticas públicas para o meio rural, nas quais não somos pródigos. Mas as eleições estão aí!