Gengis Khan, depois de forjar o grande Império Mongol, e tendo dominado um território que ia do Mar da China até o rio Danúbio, aos 60 anos, sentiu falta de uma última conquista: saúde e longevidade. Obviamente, o poderoso Gengis Khan começava a perceber uma ameaça da qual nenhum exército poderia defendê-lo, posto que agora o inimigo era o mais silencioso, perseverante, determinado e implacável: a velhice e a morte.
A próxima meta de Gengis Khan passou a ser, então, o prolongamento da vida, a fim de poder reinar sobre as suas conquistas, e foi com esse propósito que mandou chamar sábios e xamãs de todos os tipos e lugares — budistas, zoroastristas, taoistas, cristãos, muçulmanos, cabalistas —, com os quais pudesse se aconselhar. Alguns receitavam remédios, dietas, exercícios e iogas complicadas, outros lhe recomendavam os milagres do pensamento positivo e outras panaceias — todas infrutíferas. Insatisfeito, por fim, mandou chamar o mais eminente sábio de que se ouvira falar: um velho lendário taoísta chamado Ch’ang-Ch’um. Tão lendário era que já recusara convites do imperador dos Song, no sul da China.
Mas Ch’ang-Chum aceitou o convite de Gengis Khan, e foi assim que ele empreendeu uma jornada de mais de 16 mil quilômetros, que lhe custaria quatro anos de viagem. Sua jornada foi relatada por Arthur Waley no livro “As Viagens de um Alquimista”.
Lá chegando, e tendo escutado as régias angústias e dúvidas de Gengis Kahn, o velho lhe disse apenas duas coisas:
1º: a coisa mais valiosa do mundo é o TEMPO;
2º: não importa QUANTO tempo, mas sim COMO você passa o tempo que tem.
Ch’ang-Ch’um viajou durante quatro anos para falar de algo chamado QUALIDADE.
Ele sugeriu a Gengis Khan que o tempo de melhor qualidade era aquele passado longe de excessos, extravagâncias e autocomplacência, com a serenidade que flui do equilíbrio, sem frustração, raiva e outros tormentos que fluem do desequilíbrio. A chave para essa qualidade estava na quietude, autodomínio e meditação.