Jornalismo de apartamento

Comentei no Facebook e acho que devo reproduzir aqui neste blog, um tanto abandonado. Lendo a ZH de hoje vejo como se tem guri de apartamento na nossa comunicação atual. Sabem mais dos enlatados americanos do que a própria cultura local, na qual estão inseridos! E o pior, não sabem escrever e transmitem seu desconhecimento através do jornal. Senão vejamos:

1) Me escreve sobre “expressões típicas campeiras que podem causar confusão aos metropolitanos” e aponta “pechada”, “chinoca”, “cupincha” e “judiado”, como algumas delas. Ora, o cara que não conhece este vocábulos ou é paulista ou ainda tem uns 10 anos.

2) Quer passar intimidade usando “te chamarem”, mas lasca um “você” depois.

Bom, apesar do “você” ser amplamente usado no centro do país, me parece óbvio que o “tu” é o mais informal para nós, não? É só se decidir: tu, te, ti; você, se, si.

Outra boa, por último: “Parece piada bairrista, mas no tempo da República Rio-grandense os brasileiros realmente precisavam de passaporte para cruzar fronteiras”. Se o cara souber um pouco de história, vai entender que não tem nada de piada. O Rio Grande, na época da Guerra dos Farrapos, teoricamente se separou e se tornou um país independente. Isso implica em todas as práticas e documentações que existem no mundo para que cidadãos entrem e saiam dos territórios soberanos. Isso é História. Que tal explicar sob esse viés e passar uma informação relevante? Estão escrevendo para quem, exatamente? Para cariocas e paulistas?