Uma música gaudéria hoje. Devo dizer que estou com saudades da querência e, nestes dias, deu a coincidência de eu ter lido A Estética do Frio, do Vítor Ramil, e alguns textos sobre a marcante Revolução Farroupilha.
Como estarei em Porto Alegre no Carnaval, em uma contramão do que todo o Brasil faz no feriado, nada mais adequado postar esta pérola que encerra uma das facetas do orgulho rio-grandense: a coragem e a luta diante de qualquer obstáculo. Não tá morto quem peleia.
Mas antes uma palavra sobre Leopoldo Rassier, grande cantor gaúcho. De voz inconfundível, Rassier foi um ícone do movimento nativista, interpretando de bela maneira canções marcantes como Gaudêncio Sete Luas, Sabe Moço e Veterano, minhas preferidas. Segundo a ZH, em homenagem ao cantor na data de sua morte, em 2000, “a história da Califórnia da Canção (festival de música nativista do RS) jamais poderá ser contada sem que sejam citadas as participações de Leopoldo Rassier no evento. (…) Veterano, em 1980, no auge do movimento nativista, recebeu a Calhandra de Ouro — o prêmio máximo do festival”.
Não podemo se entregá pros home
Humberto Zanatta, Francisco Alves, Francisco Scherer
O gaúcho desde piá vai aprendendo
A ser valente não ter medo ter coragem
Em manotaços dos tempos e em bochinchos
Retempera e moldura a sua imagem
Não podemos se entregar pros home
Mas de jeito nenhum amigo e companheiro
Não tá morto quem luta e quem peleia
Pois lutar é a marca do campeiro
Com lança cavalo e no peitaço
Foi implantada a fronteira deste chão
Toscas cruzes solitárias nas coxilhas
A relembrar a valentia de tanto irmão
E apesar dos bons cavalos e dos arreios
De façanhas garruchas carreiradas
E a lo largo o tempo foi passando
Plantando novo rumo em suas pousadas
E eram cercas porteiras aramados
Veio o trator com seu ronco matraqueiro
E no tranco sem fim da evolução
Transformou a paisagem dos potreiros
E ao contemplar o agora dos seus campos
O lugar onde seu porte ainda fulgura
O velho taura dá de rédeas no seu eu
E esporeia o futuro com bravura